Imagine um navio gigante, carregado de contêineres e tentando entrar em um porto raso ou uma cidade à beira de um rio ameaçada por enchentes. Como resolver este desafio de Engenharia?
Pois bem, existe uma técnica antiga e absolutamente eficaz, chamada de dragagem essencial para a manutenção de portos, canais, rios e até para a proteção do meio ambiente. Trata-se do processo de remover sedimentos, lodo, areia, cascalho e até rochas no fundo de corpos d’água como rios, lagos, mares, bacias e canais. O objetivo é manter, restaurar ou ampliar a profundidade e largura desses ambientes, garantindo a navegabilidade, prevenindo enchentes e até recuperando áreas contaminadas.
No artigo a seguir, do Engenharia 360, vamos descobrir mais sobre o funcionamento da dragagem, seus tipos e por que é tão importante para a infraestrutura moderna. Confira!
Por que dragagem é tão importante?
Enfrentamos hoje o desafio das mudanças climáticas e com ele os eventos extremos climáticos. Apesar de o ser humano estar contribuindo para a aceleração desse processo, trata-se de algo natural da natureza que está em constante movimento. Correntes, ondas, chuvas e rios transportam partículas de solo, areia e matéria orgânica, que acabam se depositando no fundo dos corpos d’água. Isso é o que chamamos na engenharia de sedimentação – é inevitável e cumulativo. Mas esse efeito não pode ser ignorado, pois representa um grande desafio ambiental e econômico para os governos.
Vamos usar o exemplo de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, para explicar melhor este caso. Após as grandes enchentes de 2024, o Lago Guaíba ficou com grande depósito de sedimento, diminuindo em certas regiões a sua profundidade de 6 m para 60 cm. O que isso significa?
Bom, sem uma dragagem desse lago, é provável que a cidade fique mais vulnerável ao risco de enchentes. O tratamento de água também ficou comprometido por conta das camadas superficiais de sedimentos poluídos, afetando não só a qualidade da água como a saúde dos ecossistemas. Para completar, sendo uma cidade portuária, o trânsito na região também ficou interrompido para certos navios e outras embarcações, já que não conseguem ar pontos estratégicos; isso quebrou a cadeia logística e o ritmo de desenvolvimento econômico do estado.
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Como funciona a dragagem?
O processo de dragagem é realizado com auxílio de embarcações e máquinas especializadas, chamadas de dragas. Sua função é escavar, sugar, cortar, filtrar e transportar toneladas de material submerso com precisão e eficiência. O funcionamento básico é dividido em três etapas:
- Remoção dos sedimentos.
- Deslocamento do material dragado até o local de descarte ou reaproveitamento.
- E disposição final em aterros, áreas de contenção, obras de engenharia ou até na recuperação ambiental.

Quais são os principais tipos de dragas?
Existem diversos tipos de dragas, cada uma adequada a um tipo de sedimento, profundidade e objetivo. Eis as principais:
- Mecânicas: Ideais para remover cascalho, argila, turfa e sedimentos coesivos. Utilizam caçambas, garras ou escavadeiras montadas em barcaças.
- Hidráulicas: Utilizam bombas centrífugas para sugar sedimentos misturados à água, formando uma lama que é transportada por tubulações. Muito usadas para areia e silte pouco consolidado.
- Sucção: Equipadas com bocais de aspiração e, às vezes, cortadores rotativos para desagregar o material antes de sugar. São as mais versáteis, podendo atuar em diferentes tipos de solo submerso.
Quais são os principais métodos de dragagem?
- Implantação ou aprofundamento: Amplia portos e canais para permitir a navegação de embarcações maiores.
- Manutenção: Combate o assoreamento natural para manter a profundidade de canais e portos.
- Mineração: Extrai minerais como areia e cascalho para uso na construção civil e indústria.
- Recuperação ambiental: Remove sedimentos contaminados para restaurar a qualidade da água e dos habitats aquáticos.

Quais as vantagens e desvantagens da dragagem?
Como citamos no começo deste texto, se utiliza a técnica de dragagem para manter canais e portos íveis à embarcação de todos os portes. Também aumentar a capacidade de escoamento dos rios, protegendo áreas urbanas e rurais. E, por fim, remover poluentes e restaurar habitats aquáticos. Permitir a expansão de portos e o o a recursos minerais. Lembrando que o material dragado pode ser aproveitado em outras obras, promovendo a sustentabilidade.
Por outro lado, uma dragagem mal feita pode agravar problemas ambientais, como espalhar ainda mais os poluentes arrastados por enchentes, afetando a qualidade da água. Consequentemente, vemos aumentar a mortalidade de peixes, além de outros animais.
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Aspectos legais e licenciamento
No Brasil, temos alguns problemas relacionados ao assunto. Primeiro, os governos alegam que não possuem capital suficiente para adquirir os maquinários mais modernos e potentes. Outra questão importante é o cumprimento do licenciamento ambiental. Lembrando que dragagem é uma atividade altamente regulamentada em nosso país e que exige aprovação de órgãos ambientais competentes, como o IBAMA, variando conforme a localização (federal, estadual ou municipal).
A saber, o processo inclui estudos de impacto ambiental, definição de métodos e destinação dos resíduos, além do monitoramento constante das operações.
Não podemos esperar por milagres! Os desafios ambientais estão cada dias mais complexos e as cidades ao redor do mundo não param de crescer. Ao mesmo tempo, a dragagem se consolida como uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento sustentável.
Devemos nos valer das novas tecnologias, como dragas elétricas e sistemas inteligentes de monitoramento, para tornar as operações mais eficientes e menos impactantes ao meio ambiente. E, ao mesmo tempo, investir mais em bons projetos de proteção ambiental e planejamento urbano, garantindo que possamos crescer, mas em harmonia com a natureza, até mesmo restaurando ecossistemas.
Veja Também: Conheça os 7 Tipos de Máquinas de Pavimentação e Seus Usos na Engenharia
Fontes: Amb Science, Etesco, Itubombas, OUCO.
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Redação 360
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